Dá que pensar

Na dobragem do ano, dobrei igualmente mais um aniversário. Até aqui nada de novo porque me acontece desde que nasci. Por essa altura fiz uma pequena reflexão acerca de um fenómeno. Algo que nunca prendera a minha atenção (antes até fora menosprezara), acabou por me levar a pensar. Estou a falar sobre aquelas mensagens que recebemos no Facebook com felicitações alusivas à contagem de mais um ano nas costas.

Eu sempre achei que era fácil não ter que pensar sobre quem faz anos, já que a rede o faz por nós. Achava a coisa algo “falsa” porque as pessoas não tinham que ter qualquer cuidado connosco, a não ser consultar o seu mural e ver o nosso nome na lista de aniversariantes. Esta era a minha visão. Como disse, desta vez reflecti e cheguei a uma conclusão diferente. Se de facto é fácil ver quem faz anos, é igualmente fácil passar ao lado disso. Mas quando tens quase duzentas pessoas que, no mínimo, perderam algum do seu tempo para te deixar uma mensagem, então se calhar a coisa não é assim tão falsa e se calhar aquilo que poderia naturalmente cair no esquecimento, acaba por cumprir uma missão que é a de mimar alguém de uma forma simples e eficaz. Isso é bom e não me queixo.

Mas não estaria aqui a falar disto se não fosse uma outra questão com que hoje me deparo. Até aqui falei do que é positivo. Agora vou fazer de advogado do diabo e contra argumentar.

Hoje o meu mural de Facebook diz-me que é o aniversário de uma determinada pessoa. Lá está a muleta boa a trabalhar para nós. Neste perfil não vou a correr deixar os meus votos, por motivos que, se tiverem paciência de ler até ao fim, vos explicarei. O que sinto sim é uma outra curiosidade. Para a satisfazer, entro no perfil dessa minha conhecida (em tempos colega de trabalho por vários anos), e vejo que estão por lá várias mensagens de parabéns e afins. Esta visão dá-me uma baldada de água fria em relação a tudo o que disse para trás. Se anteriormente afirmei que é bom saber que alguém perde algum tempo, minutos, segundos até, a pensar em nós, é arrepiante perceber que muita dessa gente que nos dá os parabéns não nos conhece de lado nenhum e muitas das vezes o faz com intenções que nada têm a ver nem com amizade nem sequer com qualquer outra forma de cortesia.

Se aqueles que deixaram felicitações desta colega fossem, pelo menos conhecidos seus, saberiam que ela faleceu no final do ano passado.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

A minha árvore de natal faz-me crescer

Diz que está feito um homem!